A metodologia

O Projeto Atlântico pretende mapear valores e práticas de ética jornalística de seis países diferentes, compondo acervos específicos de códigos deontológicos, leis, instrumentos jurídicos e outros documentos e iniciativas que ajudam a configurar sistemas de autorregulação deontológica.

Para recolher esse volume, a equipe de pesquisa vai combinar diversas técnicas, como a coleta em bancos de dados públicos e particulares, visitas a entidades de classe e locais de exercício do jornalismo, realização de entrevistas, e consultas a especialistas.

A pesquisa é um projeto de cooperação internacional, envolvendo pesquisadoras e pesquisadores de seis países dos continentes africano, americano e europeu. Estão envolvidos formalmente onze cientistas de nove universidades de Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha, Moçambique e Portugal, e a equipe será ampliada ao longo da execução do projeto, conforme as conveniências locais.

Sistemas deontológicos

Os sistemas deontológicos são formados por esforços diversos, como códigos e comissões de ética, manuais e guias de redação, regramentos e diplomas jurídicos, cursos de capacitação e iniciativas de profissionalização, órgãos judicantes, entre outros. Desta forma, serão feitos mapeamentos de documentos deontológicos, levantamentos bibliográficos e documentais da constituição da profissão jornalística em cada país. Será necessário também identificar, caracterizar e visitar órgãos de Estado, instâncias judicantes e entidades de formação ético-profissional, de julgamento e processamento de denúncias de falhas éticas. Conselhos de usuários, como os da Espanha, e colégios de jornalistas, como os de Portugal e outros, também se enquadram. Essa cartografia será complementada por entrevistas aprofundadas e grupos focais com atores relevantes para esses processos nos países, como jornalistas, editores, pesquisadores, especialistas, proprietários de veículos de mídia, sindicalistas e depoentes que auxiliem com seus testemunhos.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é a instituição executora e a equipe brasileira conta ainda com colaboração da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Os demais países terão equipes para liderar coletas de dados naquelas localidades e para atuarem como facilitadoras nas missões de trabalho previstas no projeto.

Missões de trabalho

Pesquisadores brasileiros vão se deslocar para os demais países em missões de trabalho. Essas missões são ocasiões privilegiadas e necessárias para as coletas de dados já que o acesso a tais informações é dificultada pela distância, sobretudo nos países africanos. As missões permitirão ainda maior integração entre as equipes brasileira e locais, e servirão ainda para a oferta das oficinas de capacitação de jornalistas e gestores de mídia. O cronograma da pesquisa prevê uma sequência de missões, que pode ser alterada por conveniências logísticas, orçamentárias ou científicas.

A coleta dos dados levará a diagnósticos mais precisos das distintas realidades deontológicas dos jornalismos praticados nos seis países. Estudos anteriores já permitem identificar estágios diferentes de desenvolvimento dos sistemas autorregulatórios.

Roteiros para as entrevistas serão elaborados em conjunto com as equipes locais, para que reflitam culturas e costumes específicos. Com isso, pontos-cegos deontológicos poderão ser identificados, discutidos e contemplados nas oficinas a serem oferecidas in loco. Como o principal objetivo da pesquisa é contribuir para avanço, aprimoramento e consolidação dos sistemas deontológicos, oficinas formativas serão ofertadas nos países africanos e no Brasil, de forma a induzir movimentos para aperfeiçoamento desses sistemas.

Podcasts

Durante as missões também serão produzidos os sete episódios da série de podcasts que servirão de material complementar às oficinas. Estrutura dos programas, trilhas e paisagens sonoras, e roteiros serão elaborados ao longo do primeiro ano de pesquisa.

Todos os documentos coletados que oferecerem dados para uma cartografia deontológica dos seis países serão armazenados neste website, em biblioteca especialmente criada e mantida para o projeto. Todos os conteúdos produzidos – como podcasts, artigos científicos, artigos dirigidos a públicos genéricos, entre outros – também vão abastecer este site que funcionará como repositório e centro de registro e documentação da pesquisa.